quarta-feira, novembro 28, 2007

Há um certo fascismo no espírito do tempo

Abaixo, reproduzo, pela sua importância, a íntegra do artigo de um amigo, que foi publicado no Jornal "Mudar de Vida, de Portugal.



As dificuldades da luta de classes no Brasil
Paulo Marques (*) - Quarta-feira, 28 Novembro, 2007
A luta dos trabalhadores no Brasil depara com grandes dificuldades.
Em primeiro lugar, as esquerdas não conseguem se unificar de forma eficaz. Tentam fazê-lo de cima para baixo, a partir de programas ideológicos e não de programas práticos. Isto gera grande sectarismo: temos dezenas de pequenas seitas, cada uma com a sua Internacional e programa revolucionário, mas sem inserção social. Outros setores, os da CONLUTAS e INTERSINDICAL, mais amplos e populares, se organizam junto aos movimentos de Sem-Terra e Sem-teto, em lutas mais práticas. A unidade, quando construída pela base de acordo comum, é mais efetiva.

A segunda dificuldade é que a mídia [meios de comunicação] de massas brasileira faz uma verdadeira campanha contra os movimentos sociais. Trata-os como ‘bandidos’, participando ativamente da campanha das elites pela ‘criminalização dos movimentos sociais’. Ou então faz silêncio absoluto. No dia 23 de Maio, o Brasil parou por inteiro contra a reforma trabalhista, em greves, ocupações e piquetes, e a mídia não noticiou quase nada, mas falou muito dos campeonatos de esportes. E quando a TV não fala de um assunto, é como se ele não existisse. Assim, a mídia cria a ilusão de que o povo brasileiro é pacífico e só pensa em samba, cerveja, mulatas e carnaval. E para piorar, não temos aqui jornais de esquerda (exceto os governistas) capazes de superar esta fragmentação. O sistema vence as lutas fragmentando-as, isolando-as, impedindo-as de terem contato entre si. Unidas, elas poderiam criar uma consciência de classe e se tornar poderosas. Mas fragmentadas, morrem isoladas. Os trabalhadores muitas vezes lutam, mas com uma consciência limitada ao corporativismo ‘categorialista’ - ou seja, a professores interessa o sindicato e as lutas de professores e nada mais.

A terceira dificuldade é que o barulho das botas dos militares continua a rondar como um fantasma. Mas de forma diferente. As periferias brasileiras foram dominadas pelo narcotráfico, e há uma verdadeira guerra civil nelas - todos os dias morrem pessoas. A grande mídia faz uma campanha para aterrorizar a população, a serviço dos grandes lobbys e empresas de segurança privada. Assim, difundiram uma cultura do medo, e passou a ser senso comum para a população o discurso que defende medidas de ‘tolerância zero’ – pena de morte, execuções sumárias, redução da maioridade penal, medidas de perseguição aos pobres, militarização, ocupação militar das favelas. Muitos (principalmente a classe média) defendem a ‘volta da ditadura’. Resumindo: é o neo-fascismo de crise. Fizeram um filme, chamado ‘tropas de elite’, que faz a apologia fascista dos esquadrões militares que ocupam as favelas. E o povo, em massa, adorou o filme e passa a dizer nas ruas que as tropas do filme deveriam ocupar as ruas de todas as cidades. Note-se que no filme ocorrem cenas de torturas, violações de direitos humanos, extermínios e execuções sumárias, e as pessoas acham isto certo. E clamam por isto. Passam a defender que favelados, sem-terras, sem-tetos, são todos ‘vagabundos’ e que precisam ser ‘varridos’. Ou seja, há um certo fascismo no espírito do tempo, e uma estreita fronteira entre isto e a criminalização dos movimentos sociais.

A quarta dificuldade é que o sindicalismo e a esquerda brasileira foram dominados pelo burocratismo. Os sindicatos são dominados por castas de especialistas em poder, que dominam as pessoas com assistencialismo. São tecnocratas que assumem controlo de empresas, gerem capital, usam os sindicatos e os trabalhadores como massa de manobra com fins eleitoreiros, praticam clientelismo, corrupção, nepotismo, são ávidos por cargos, fazem conciliação de classe, negociatas a portas fechadas, etc. E agem contra as oposições sindicais com expurgos, delações aos patrões, agressões, contratam seguranças, usam práticas truculentas, e não raro, ocorrem mortes não esclarecidas. É o gangsterismo puro. Os trabalhadores brasileiros têm um inimigo sério nos dirigentes sindicais vendidos, a par dos vereadores, dos pastores e seitas salvacionistas e dos barões do tráfico. São muitas formas que o capitalismo encontrou para anestesiar a consciência e impedir as lutas.
Em suma, o Brasil é um país onde a esquerda tem tarefas dificílimas. As lutas estão a se reorganizar, mas enfrentam sérios obstáculos. Atravessamos uma época difícil em que é necessário erguer uma frente de luta contra as reformas neoliberais, a barbárie da crise capitalista e o neofacismo tecnocrático.

(*) Professor e dirigente sindical

O original encontra-se em: http://www.jornalmudardevida.net/

domingo, novembro 25, 2007

Calem-se anti-chavistas

A lista de confusões dos anti chavistas é interminável. Comparam a chegada de um militar (Chavez) ao poder com as ditaduras militares latioamericanas do passado. Que eu saiba ninguém elegeu Médici, nem Pinochet, nem Videla e outros carniceiros.

Dizem que Chavez “eliminou qualquer possibilidade de os canais de TV aberta criticarem seu governo”, o que é simplesmente mentira, pois ele cassou a concessão de uma única emissora, e cinco anos depois do golpe do qual foi vítima, com o apoio do conjunto das emissoras e da mídia.

Chamam o assistencialismo de socialismo e diz que o socialismo destruiu os países onde foi implantado. Aqui temos uma completa mistificação da história. Nunca houve países socialistas nesse planeta. Houve países que iniciaram a transição ao socialismo e tiveram as suas experiências abortadas, entre outras coisas, pela pressão contrária do imperialismo. Isso não prova nada quanto à “inviabilidade” do socialismo. O único sistema que se provou inviável na história é o capitalismo. Depois de 250 anos de revolução industrial, 90% da humanidade vive na miséria e o meio ambiente do planeta está sendo destruído. Alguém acredita que os 2 bilhões de chineses e indianos ou os 600 milhões de latino-americanos algum dia terão o padrão de vida e de consumo perdulário dos Estados Unidos? E que se algum dia isso fosse atingido (o que é impossível), o planeta seria destruído por um cataclisma ambiental?

Para que fique bem claro, nem Chavez, nem Fidel e nem nenhum de nós são socialistas; nomáximo, temos ideais e idéias socialistas, mas o capitalismo em que vivemos nos impede. O socialismo pressupõe o controle dos meios de produção pelos trabalhadores e o conseqüente fim do Estado.

quarta-feira, novembro 21, 2007

A arrogância prepotente do rei espanhol na XVII Cimeira Ibero-americana, em Santiago do Chile

por Carlos Aznárez [*]
"Já acabou a época dos vice-reis", terão pensado os chefes de Estado da Venezuela, da Bolívia, da Nicarágua, de Cuba e do Equador, quando no âmbito da XVII Cimeira Ibero-americana tiveram de ouvir as palavras raivosas do Bourbon espanhol, Juan Carlos, a recriminar o chefe revolucionário Hugo Chávez por ter tido a "ousadia" de chamar fascista ao ex-mandatário José Maria Aznar. As verdades foram doridas para a delegação espanhola, sobretudo quando Chávez destacou cada um dos actos cometidos pelo governo Aznar no apoio ao golpe de Estado de Abril de 2002 na Venezuela.

O fascista Aznar teve dois defensores de luxo: primeiro o "socialista" Zapatero e a seguir o monarca espanhol, o qual exigiu ao chefe bolivariano que calasse a boca e não agredisse o seu compatriota e irmão de ideias no que se refere ao fascismo. Zapatero, refutando Chávez, pediu respeito para com Aznar porque "fora eleito com o voto dos espanhóis".

Mas faltava algo para que os ouvidos do novo colonialismo espanhol se irritassem ainda mais. Entrou o nicaraguense Daniel Ortega, que falando em nome do seu povo (e de todos os povos que lutam contra o colonialismo e o imperialismo) contou a história nefasta da empresa espanhola Unión Fenosa na sua actuação na Nicarágua. Chamou-os de mafiosos, de imperialistas e de provocadores que crêem, disse Ortega, que o povo da Nicarágua é seu súbdito.

Valia a pena ver a cara de Moratinos, Zapatero e do próprio Bourbon quando Ortega lhes dizia estas verdades. E naturalmente o Bourbon optou por retirar-se em meio a urgentes consultas da delegação espanhola. Zapatero e Moratinos ficaram, mas a resmungar. Ortega não se calou e, na parte final do seu discurso (que recordava aqueles tempos gloriosos quando no comando da FSLN falava às massas vermelho-negras do seu país), saiu em defesa aberta de Hugo Chávez.

Finalmente, chegou a dignidade de Cuba, na voz do vice-presidente Carlos Lage, que rompeu uma lança em favor de Chávez e de forma muito clara respondeu a um Zapatero cada vez mais incomodado que "não basta que um povo o eleja para que um mandatário seja alguém respeitável". E ascrescentou: "Bush foi eleito e é o assassino do povo iraquiano e eu não lhe tenho nenhum respeito".

Quem quiser ouvir que ouça: os povos da América Latina já não podem ser avassalados nem por ianques nem por bourbons. Com essa arrogância que os caracteriza, estes defensores das transnacionais que esfaimaram a nossa gente (que outra coisa é a Repsol, Telefónica, Union Fenosa, Endesa e outras semelhantes) tentaram fazer calar mas não conseguiram os chefes revolucionários que hoje lhes falam na cara em nome dos seus povos. Por isso tiveram que optar (como no caso do Bourbon) por retirar-se.

Em boa hora, pois NÃO OS QUEREMOS E DEVEM SABÊ-LO.

Acabou-se a época dos vice-reinados (apesar de alguns ainda continuarem em genuflexão) e é a hora dos povos. Daí a dignidade de Chávez, de Evo, de Ortega, de Correa, de Lage, advertindo aos poderosos e aos colonizadores que a América Latina não quer saber mais das suas propostas neoliberais e imperialistas.

[*] Editor de Resumen Latinoamericano.

O original encontra-se em http://www.resumenlatinoamericano.org , Nº 950

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

sábado, novembro 17, 2007

"POR QUE NÃO TE CALAS JÁ?!"

Por Laerte Braga

"Juan Carlos Bourbon investiu-se dos poderes de colonizador e perguntou
ao presidente da Venezuela por que ele não se calava? Chávez fez
críticas à Espanha na reunião de países ibero americanos. Acusou
empresas espanholas de negócios escusos, o ex-primeiro ministro Jose
Maria Aznar de "fascista" e de participação no golpe de 2002 que tentou
derrubar o venezuelano e, lógico, a GLOBO aqui editou a discussão entre
o rei e o presidente (eleito pelo voto popular) não mostrando a resposta
de Chávez.

Daniel Ortega, presidente sandinista da Nicarágua havia feito críticas a
empresas espanholas que atuam em seu país momentos antes. Ortega
denunciou a reunião do embaixador da Espanha em seu país, em Manágua,
dias antes das eleições, na tentativa de mobilizar forças para evitar
sua vitória. Disse com todas as letras que vitorioso, recebeu proposta
de suborno de empresas espanholas que operam na Nicarágua.

O presidente sandinista acusou a Espanha de permitir que os Estados
Unidos usem bases militares espanholas para operações contra povos de
outros países e citou o exemplo do bombardeio contra a casa de Kadafhi,
na Líbia. O presidente líbio escapou, mas seus filhos morreram no
bombardeio.

O presidente da Argentina, Nestor Kirchnner acusou a Espanha de práticas
colonialistas e denunciou a ação predatória de empresas espanholas na
Argentina. O presidente Evo Morales, da Bolívia, reclamou de pressões do
governo espanhol para ceder favores a empresas espanholas. Rafael Corrêa
do Equador fez denúncias semelhantes.

Chávez secundou e ratificou todas as acusações, saiu em defesa dos
presidentes dos países da América Latina e respondeu ao rei que "não
temo o senhor, fui eleito pelo meu povo e não permitirei que se repitam
as matanças históricas da época da colonização, praticadas pelo seu
país".

A acusação a Aznar, chamado de fascista foi simples e direta: "Aznar é
um fascista". Dois países reconheceram o golpe tentado contra Chávez em
abril de 2002. Espanha e Estados Unidos. Aznar governava a Espanha.

A derrota eleitoral do candidato de Aznar para o atual primeiro-ministro
espanhol Zapatero se deveu à mentira de Aznar a propósito de um atentado
do grupo separatista basco ETA, em território espanhol, dois ou três
dias antes do pleito. Aznar, que havia enviado tropas espanholas para o
Iraque (foram retiradas por Zapatero) tentou inculpar a Al Qaeda e a
Espanha inteira percebeu que estava diante de uma cilada, uma tentativa
de atrelar o país ao império norte-americano. Uma simples consulta a
jornais espanhóis da época vai revelar que os votos que deram a vitória
ao Partido Socialista (?) de Zapatero vieram da mentira de Aznar.

Um ano após a derrota de seu candidato para Zapatero, Aznar foi acusado,
pela imprensa norte-americana, de receber dinheiro da CIA (Agência
Central de Inteligência) norte-americana, para uma organização (fundação
ou ONG) que montara e que desenvolvia ações golpistas em países de
língua espanhola a favor dos interesses de empresas privadas e dos EUA.

Uma reunião como a que aconteceu no Chile se presta a que debates desse
jaez aconteçam. Se Chávez reagiu de forma histriônica ou não, isso é
outro problema. Com toda certeza um Chávez vale milhões de vezes mais
que um Juan Carlos. Franquista (uma das mais cruéis ditaduras da
história do século XX) e sabidamente de extrema-direita.

Só para se ter uma idéia pálida de como atuam os empresários espanhóis
em países da América Latina, basta recordar o naufrágio do Bateau
Mouche, num reveillon, há alguns anos atrás no Brasil. Como os donos da
empresa fossem espanhóis, a embaixada do país entrou em ação e
pressionou as autoridades brasileiras para que tudo ficasse em mero jogo
de cena. Fatalidade. O descuido e a característica criminosa do fato
(barco inadequado, sem manutenção, super lotado) não contavam para o
embaixador e o governo da Espanha.

Todos os espanhóis envolvidos no naufrágio estão em liberdade e nenhuma
família dos mortos foi indenizada como determinado na lei. Um deles,
Chico Recarey freqüentava colunas sociais, era tido como rei da noite,
dono de pontos de prostituição (boate Help em Copacabana, esquina de rua
Miguel Lemos e avenida Atlântica). Era um deles, um dos espanhóis.

Juan Carlos, fascista como Aznar, ambos estão acostumados a terem
tapetes vermelhos estendidos por presidentes latino-americanos fracos ou
corruptos quando chegam para a velha história de trocar apito com os
"índios" locais. Neste momento não conseguem. Nem com Chávez. Nem com
Ortega. Nem com Morales. Muito menos com Corrêa e menos ainda com
Kirchnner.

O rei da Espanha hoje é só vitrine dos negócios de empresas espanholas,
imagem construída por essa estranha e doentia fascinação das elites por
condes, marqueses, duques, etc. Nada além disso.

O que a mídia fez foi aproveitar, editar, mutilar os fatos,
apresentá-los como convinha e convém aos interesses dos espanhóis, tudo
dentro de um processo visível de tentativa de derrubar o presidente da
Venezuela.

São "negócios" de bucaneiros, piratas, saqueadores.

A explosão de Juan Carlos Bourbon se deve também, vários jornalistas
presentes ao encontro revelaram isso a seus jornais, inclusive jornais
norte-americanos, às manifestações de apoio a Chávez. O venezuelano foi
seguido enquanto esteve no Chile por um cortejo de chilenos a
ovacioná-lo. O rei está acostumado a "dar a bênção real" aos antigos
colonos (acredita que ainda seja assim) e não gostou de ficar em segundo
plano.

Zapatero? Malgrado os méritos de seu governo, retirou as tropas
espanholas do Iraque, já foi enquadrado e apenas suaviza o chicote e o
pelourinho herdado de Pizarro e Cortez.

É bom nunca se esquecer que uma das maiores matanças da história da
América do Sul foi praticada por espanhóis contra o povo Inca. Está em
todas as páginas, de todos os livros de história.

Vale lembrar uma crônica de Luís Fernando Veríssimo sobre o período em
que os mouros ocuparam a Espanha: "nunca destruíram nada e quando saíram
todos os monumentos históricos estavam intatos, ao contrário dos
cristãos quando ocuparam países árabes: destruíram o que puderam para
implantar a verdade cristã".

Os leiloeiros de New York estão cheio de peças saqueadas do Museu do
Iraque, o Museu Babilônico, desde a ocupação daquele país pelos
norte-americanos.

O rei da Espanha é tão somente um bibelô a exibir-se na esteira dos
"grandes negócios" dos empresários de seu país.

Nem rei mais se faz como antigamente. Deve ter pensado que estava se
dirigindo a um dos seus súditos quando mandou Chávez calar. Recebeu a
resposta devida e a altura.

Se a GLOBO não mostrou é por que a GLOBO, como a grande mídia no País,
está a serviço do capital internacional e das máfias que controlam os
"negócios".

Está aí o genro de FHC estrebuchando porque a PETROBRAS removeu as
licitações de prospecção na bacia de Santos e vai ela própria tomar
conta da reserva recém descoberta. O sacripanta, sem nenhum caráter,
está defendendo empresas estrangeiras. Pensa também que o presidente da
República ainda é o ex-sogro, ambos corruptos e venais.

Isso também a GLOBO não vai falar, as empresas estrangeiras são grandes
anunciantes."

terça-feira, novembro 13, 2007

Não há nenhum exagero em qualificar Jose Maria Aznar de fascista

Para quem conhece a história e o passado do ex-primeiro ministro espanhol, José Maria Aznar, Hugo Chaves não exagerou ao qualificar-lo
de fascista. Aznar, produto típico da Opus Dei, que se
reorganiza com novo alento na Espanha, sempre tratou a América Latina
com desdém. Em 2002, em Madri, atreveu-se a dar ordens ao presidente
Eduardo Duhalde, da Argentina, para que aceitasse e cumprisse as
exigências do FMI. Reincidiu na grosseria, ao telefonar a Buenos Aires,
logo depois, como um dono de fazenda telefona para seu capataz, a fim de
determinar-lhe a assinatura imediata do acordo com o órgão.

Conforme disse o próprio ministro de Relações Exteriores da Espanha,
Miguel Angel Moratinos, Aznar deu ordens ao embaixador da Espanha em
Caracas para que apoiasse o golpe contra Chávez em 2002. Com o
presidente eleito preso pelos golpistas, o embaixador foi o primeiro a
cumprimentar o empresário Pedro Carmona, que, também com o entusiasmado
aplauso do representante dos Estados Unidos, tomava posse do governo,
para ser desalojado do Palácio de Miraflores horas depois.

Não se pode pedir a Chávez que trate bem o ex-primeiro ministro
espanhol, embora talvez lhe tivesse sido melhor ignorá-lo no encontro de
Santiago. Mas, como comentou, na edição de ontem de El País, o
jornalista Peru Egurdide, há um crescente mal-estar na América Latina
com a presença econômica espanhola, identificada como "segunda
conquista". A Espanha opera hoje serviços como os bancários, de água,
energia, telefonia e estradas, que não satisfazem os usuários. Ainda na
noite de sexta-feira, em reunião fechada, Lula e Bachelet trataram do
assunto com Zapatero, de forma veemente - longe dos jornalistas.

Mas se Chávez, mestiço venezuelano, homem do povo, fugiu à linguagem
diplomática, o rei Juan Carlos foi imperial e grosseiro, ao dizer-lhe
que se calasse. O rei, criado por Franco, tem deixado a majestade de
lado para intervir cada vez mais na política espanhola - conforme o El
País critica em seu editorial de ontem. Em razão disso, as
reivindicações federalistas dos povos espanhóis (sobretudo dos catalães
e dos bascos) se exacerbam e indicam uma tendência para a forma
republicana de governo. Pequenos episódios revelam o conflito latente
entre os espanhóis e seu rei. Já em 1981, quando do frustrado golpe
contra o Parlamento Espanhol, o comportamento de sua majestade deixou
dúvidas. Ele levou algumas horas antes de se definir pela legalidade
democrática. Para muitos, o golpe chefiado por Millan del Bosch
pretendia que todos os poderes fossem conferidos a Juan Carlos, em um
franquismo coroado.

Os dirigentes latino-americanos tentarão, diplomaticamente, amenizar a
repercussão do estrago, mas o "cala a boca" de Juan Carlos doeu em todos
os homens honrados do continente. O rei atuou com intolerável
arrogância, como se fossem os tempos de Carlos V ou Filipe II. A
linguagem de Zapatero foi de outra natureza: pediu a Chávez que
moderasse a linguagem. Como súdito em um regime monárquico, não pôde
exigir de Juan Carlos o mesmo comportamento - o que seria lógico no
incidente.

Durante os últimos anos de Franco, a oposição republicana espanhola se
referia ao príncipe com certo desdém, considerando-o pouco inteligente.
Na realidade, ele nada tinha de bobo, mas, sim, de astuto, vencendo
outros pretendentes ao trono e assumindo a chefia do Estado. Agora, no
entanto, merece que a América Latina lhe devolva, e com razão, a ofensa:
é melhor que se cale.

Parece que o Paraíso Capitalista não conseguiu ganhar os corações e mentes dos chucrutes orientais...

Fonte: http://blog.controversia.com.br/

92% dos alemães orientais preferem o comunismo no país 11 de Novembro de 2007 às 18h 41m

Para marcar a data da queda do Muro de Berlim, o Der Spiegel fez uma pesquisa, divulgada neste sábado (10), com mil alemães que cresceram nos dois lados do país dividido até 9 de novembro de 1989. A conclusão, para desespero do semanário alemão, é que, mesmo depois de 18 anos da queda do muro, 92% dos germânicos orientais, de 35 a 50 anos, ainda preferem o regime comunista ao capitalista. Já 60% dos jovens, de 14 a 24 anos que moram no Leste, lamentam que nada tenha restado do comunismo na sua pátria.

Por Carla Santos

Junto com a TNS Forschung, o Spiegel fez a pesquisa com duas gerações distintas de alemães orientais e ocidentais com o objetivo de obter um retrato dos resultados da unificação na psique nacional. A conclusão é que o muro ideológico ainda permanece nas mentes alemãs, quase duas décadas após a reunificação.

Foram entrevistadas 500 jovens na faixa etária de 14 a 24 anos e seus 500 pais na faixa de 35 a 50 anos. A primeira, tinha no máximo seis anos quando o muro caiu e, evidentemente, possui uma experiência temporal menor do período em que o país estava dividido pela Guerra Fria.

Já a segunda geração tinha pelo menos 17 anos, e no máximo 32, quando ocorreu a debacle do muro. O método da pesquisa constatou que praticamente não há diferenças entre as gerações mais jovens e mais velhas na sua forma de pensar a reunificação.

Socialismo, uma boa idéia

As maiores diferenças na pesquisa aparecem quando os entrevistados orientais e ocidentais compartilham suas opiniões sobre a vida na antiga Alemanha Oriental. O Estado comunista recebe notas muito mais altas dos que moram no Leste com relação aos que moram no Oeste.

Dos alemães orientais de 35 a 50 anos, 92% acreditam que um dos maiores atributos da antiga Alemanha Oriental foi sua rede de segurança social; 47% dos jovens no Leste também pensam assim. No item ‘’padrão de vida'’, os jovens do Leste avaliam a Alemanha comunista de maneira ainda mais positiva que seus país.

Por outro lado, apenas 26% dos jovens ocidentais e 48% dos seus pais expressaram a opinião que a Alemanha Oriental tinha um sistema mais forte de bem estar social comparado com o de hoje.

Os alemães orientais também estão menos satisfeitos e menos otimistas com sua situação do que os que vivem nos Estados que compunham a antiga Alemanha Ocidental. Eles estão muito menos convencidos das virtudes do capitalismo do que seus colegas ocidentais. Muitos acreditam que o socialismo é uma boa idéia que simplesmente não foi bem implementada no passado.

Contudo, apesar da nostalgia pela Alemanha Oriental, a maior parte dos alemães orientais diz que preferiria morar no Oeste, caso um novo Muro de Berlim fosse construído hoje. O que não é de todo contraditório, já que durante a Guerra Fria, com o apoio de todo tipo dos EUA ao Oeste, e também todo tipo de boicote ao Leste, a Alemanha Ocidental oferecia muito mais riqueza, ainda que com alguma desigualdade, do que a Oriental.

Identidades diferentes

Os dados da pesquisa revelam que as diferenças ideológicas se refletem na identidade de cada grupo, já que 67% dos jovens alemães, e 82% de seus pais, orientais e ocidentais não sentem que possuem as mesmas identidades.

Quanto tempo, entretanto, levará para a Alemanha se unificar ideologicamente? Para 25% dos jovens alemães ocidentais, e só 5% dos orientais, ‘’não levará mais do que cinco outros anos'’. Apenas 12% e 4%, respectivamente, de pais concordaram com os filhos.

Muitos jovens alemães orientais vêem a Alemanha de hoje como um lugar onde seus pais têm dificuldades para encontrar um caminho. Apesar da geração mais nova praticamente não ter vivenciado a vida sob o socialismo, o compartilhar das lembranças, opiniões e histórias de seus pais naturalmente os influênciam.

Jovens pensam como seus pais

Esta talvez seja a explicação - que os comentários do Spieguel tentam manipular a favor do Oeste - para que os jovens alemães do Leste vejam a antiga Alemanha Oriental sob uma luz mais otimista do que seus compatriotas no Oeste, e vice-versa.

‘’É uma opinião [as dos jovens da Alemanha Oriental] de lentes cor-de-rosa, que vê uma Alemanha Oriental com emprego para todos, creches para todas as crianças e um sistema de bem estar social que acompanhava o cidadão do berço ao túmulo. É claro, essa geração não foi exposta aos aspectos negativos da vida sob o domínio comunista - como filas de comida e repressão da polícia'’, argumenta o Spiguel.

Porém, a pesquisa indica que o mesmo argumento de ‘’lentes cor-de-rosa'’ para desqualificar a opinião dos jovens do Leste, sobre a Alemanha Oriental, também serve aos jovens do Oeste, com relação a Alemanha Ocidental, com pelo menos um ponto de vantagem para os primeiros. Quem viveu a Alemanha comunista agora está vivendo a capitalista, enquanto que o inverso não foi possível.

Tiro no pé

Como toda manipulação não se sustenta por muito tempo, o próprio Spiguel é obrigado a admitir a realidade, um verdadeiro tiro no pé, no último parágrafo da matéria que noticiou a pesquisa neste sábado.

‘’Ainda assim, os sentimentos positivos para certos aspectos da antiga Alemanha Oriental continuam altos. Dos jovens alemães orientais entrevistados, 60% disseram que achavam ruim que nada tivesse restado das coisas que se podiam orgulhar da Alemanha Oriental'’.

Os resultados da pesquisa fazem lembrar o seriado alemão que - devido ao imenso sucesso no país - virou filme lançado em 2003, chamado Adeus, Lênin!, do diretor alemão Wolfgang Becker.

‘’Adeus, Lênin!'’

No longa, Christiane Becker (Kathrin Sa), que mora na então Alemanha comunista, é abandonada pelo marido, tendo que criar seus dois filhos, Alexander (Daniel Brühl) e Ariane (Maria Simon), sozinha.

Uma vez recuperada do trauma da separação, Christiane torna-se uma cidadã ativa e exemplar, transformando o país em um substituto de seu marido, abraçando assim, o ideal comunista.

Mas ao ver Alexander participando de uma revolta anti-socialista, ela fica gravemente doente e acaba entrando num longo coma que a faz dormir durante a queda do Muro de Berlim e a adaptação ao capitalismo de sua Alemanha Oriental.

Ela acorda do coma, mas frágil demais para se deparar com o choque das mudanças do mundo ao seu redor. Comovido, Alexander precisa forjar a vitória da ideologia do comunismo e sapatear para criar a ilusão na mãe de que nada mudou.

Socialismo vivo

Quatro anos após o lançamento do filme, que teve como pano de fundo o dilema da reunificação sob a égide capitalita com o fim da Guerra Fria, a pesquisa reafirma que o ideal comunista não morrerá tão cedo nos corações dos alemães que viveram as primeiras experiências mais duradouras do regime no mundo.

A manifestação com 50 mil pessoas pessoas em Moscou (Rússia), no último dia 7 de novembro, por ocasião das comemorações dos 90 anos da Revolução Russa, é apenas mais uma fotografia do quanto por lá esse sentimento continua extremamente vivo.

Viva a Venezuela socialista

Toda a mídia capitalista deflagrou uma imensa e intensa campanha contra o governo venezuelano, ou melhor, contra o povo venezuelano. Esse é o melhor sinal de que o socialismo por lá está a caminho e no caminho certo. No dia que a imprensa capitalista estiver satisfeita com o governo venezuelano, aí sim, a situação estará preocupante. A melhor maneira de saber se um povo está ou não a caminho do socialismo é a reação da burguesia capitalista.

A instituição das milícias populares prevista na reforma constitucional venezuelana é uma necessidade de qualquer país para a defesa da soberania de um país. Assim como a defesa de Cuba está garantida contra a invasão dos Estados Unidos ou de qualquer outro país capitalista que ouse se meter por lá graças as milícias populares, na Venezuela também as milícias populares estarão prontas a repelir qualquer intervenção estrangeira que ameace a soberania e o povo venezuelano.

Nenhum governo capitalista pode se dar ao luxo de armar constitucionalmente seu povo, sob pena de que esse povo com certeza derrubaria seu próprio governo. Já num país realmente socialista o governo não corre nenhum risco de que o povo se volte contra seu próprio governo. Em Cuba, por exemplo, o povo já teria derrubado o governo se este não governasse com justiça social. Por lá as milícias populares já vigoram desde 1960 e se quisessem teriam derrubado o presidente Fidel Castro.

Portanto, torço para que a reforma constitucional venezuelana seja aprovana no plebiscito de 02 de dezembro e que a burguesia descontente não consiga atrapalhar o desenvolvimento do socialismo por lá. A justiça social depende de muita luta para se conquistar e não podemos admitir que uma pequena parcela de gananciosos capitalistas atrapalhem essa luta.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Venezuela está pavimentando o caminho rumo ao socialismo. Parabéns, Hugo Chaves!

A reforma constitucional venezuelana é radical e pavimenta o caminho rumo ao socialismo, modificando 33 artigos para estabelecer que:

a) o Presidente da República poderá decretar Regiões Especiais Militares, nomear autoridades e criar províncias ou cidades federais em qualquer parte do território;

b) o povo é o depositário da soberania e o exerce mediante o Poder Popular, cuja base são as Comunidades e as Comunas;

c) para que os trabalhadores tenham tempo para o desenvolvimento pessoal a jornada de trabalho se reduz a 6 horas diárias;

d) as empresas poderão ser de propriedade social, ou seja, comunal ou estatal;

e) proíbem-se os monopólios e o latifúndio;

f) a propriedade Privada é mantida, mas concorrerá com a Social exercida pelo Estado em nome da comunidade, a Coletiva que pertence a grupos sociais ou de pessoas, e a Mista combinando o poder público e outros atores;

g) o Poder Nacional, os Estados e os Municípios descentralizarão seus serviços para os conselhos municipais e as Comunas;

h) o mandato presidencial passa a ser de sete anos e permite reeleições;

i) o Banco Central será uma “pessoa de direito público sem autonomia”;

j) a Força Armada incluirá, ao lado do Exército, Marinha e Aeronáutica, a Guarda Territorial Bolivariana (atual Guarda Nacional) com funções de polícia e a Milícia Popular Bolivariana.

O Artigo 116 do “anteprojeto de Reforma Constitucional apresentado pelo Presidente da República Bolivariana da Venezuela Hugo Rafael Chávez Frias” diz, expressamente, que “o Poder Popular não nasce do voto nem de eleição alguma, e sim da condição dos grupos humanos organizados como base da população”.

O comando das forças armadas será unificado, as forças singulares perdem relevância e as milícias populares transformam-se na coluna vertebral da estrutura militar.

domingo, novembro 11, 2007

Maledicências da imprensa

A imprensa rasteira não se cansa de desinformar a população e perseverar na campanha contra o socialismo e pela perpetuação das injustiças sociais. Vejam alguns termos, frases e adjetivos malediscentes descritos no editorial da Folha de São Paulo de 10/11/07, referindo se a Hugo Chaves, presidente do povo Venezuelano.

1) "projeto autoritário"
2) "velha ladainha"
3) "agigantamento do poder presidencial"
4) "reeleição ilimitada e poder de decretar estado de exceção por tempo indeterminado, com censura à imprensa"
5) "regimes truculentos"
6) "repressão contra massas de jovens estudantes"
7) "caudilho"
8) "S.A. chavista"
9) "grupos de apoio ao presidente (Chaves) despacham pistoleiros em motocicletas para espalhar o terror nas manifestações"
10) "incitando ao ódio"
11) "lider que empurra uma nação ao desastre"

Tudo isso num texto de pouquissimas linhas e em nome e em defesa de um sistema cruel chamado capitalismo.

E ainda dizem que o socialismo é que é um sistema ruim.

sábado, novembro 03, 2007

Que moral tem a Rede Globo para criticar Hugo Chaves?

Foi com um misto de indignação e felicidade que vi o apresentador do Jornal da globo, Willian Wack noticiar a aprovação da reforma constitucional proposta por Hugo Chaves. Indignação pela dissimulação do apresentador em demonstrar pesar pela aprovação, com o claro intuito de induzir a população ao mesmo sentimento, mas feliz por ver que Hugo Chaves vai superando todas as tentativas da mídia burguesa, que nada tem de democrática, em formar a opinião pública contra a transição para o socialismo na Venezuela. O que esse péssimo apresentador não noticiou é que a democracia venezuelana vai permitir que no dia 2 de dezembro a população de a última palavra e aprove ou não a reforma votando num plebiscito popular, assim como o próprio mandato do presidente é submetido a plebiscito popular a cada dois anos. Isso é democracia e não o que temos no Brasil.