quinta-feira, novembro 30, 2006

Quem paga a banda escolhe a música

29/11/2006 - 08h25
Setor bancário deu maior doação à campanha de Lula
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FÁBIO ZANINI da Folha de S.Paulo, em Brasília
Os bancos foram os principais financiadores da campanha de reeleição dopresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com doações que somam R$ 10,5milhões, segundo a prestação de contas dos candidatos que disputaram o segundoturno da eleição presidencial, enviada à Justiça Eleitoral ontem, último dia doprazo legal.Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu montante idêntico, de R$ 10,5 milhões. Nos doiscasos, o principal doador do ramo foi o Itaú, com R$ 3,5 milhões.Os bancos, como o próprio Lula disse em discurso recente no qual citava os jurosaltos, nunca ganharam tanto. No ano passado, lucraram R$ 28,3 bilhões, recordehistórico --e só no primeiro semestre deste ano, R$ 22,2 bilhões (43% a mais doque em 2005).Todo o montante repassado pelos bancos para o comitê de Lula foi transferidoentre setembro e outubro --antes do primeiro turno. No caso de Alckmin, constaapenas um repasse feito no segundo turno, de R$ 200 mil, do Banco Alvorada,controlado pelo Bradesco.Montante ainda maior que o dos bancos foi repassado "internamente" para acampanha de Lula. Segundo o tesoureiro da candidatura, José de Filippi Jr.,cerca de R$ 15 milhões foram transferidos à campanha pelos comitês estaduais edistrital por conta do compartilhamento de material gráfico.Alckmin também recebeu boa parte dos recursos dos comitês espalhados pelo país.No total, foram R$ 8,2 milhões oriundos de diretórios e comitês do PSDB e doPFL. Desse montante, R$ 4,2 milhões saíram dos cofres do Diretório Nacional dopartido, e R$ 2,8 milhões do diretório paulista.O segundo maior ramo de atividade que figura na contabilidade é outro comdiversos interesses na relação com o governo, o das empreiteiras, com ummontante de R$ 10 milhões repassados ao comitê petista, e R$ 4,8 milhões aotucano.A lista de doadores petistas é encabeçada pelo grupo Camargo Corrêa, com R$ 3,5milhões, e pela Construtora OAS, com R$ 1,6 milhão. A OAS também foi uma dasmaiores financiadoras dos candidatos do PT à Câmara. Em um único caso, constatransferência de R$ 1 milhão da Carioca Christiani Nielsen Engenhariadiretamente para o candidato, ou seja, sem passar pelo comitê. Para Alckmin, aAndrade Gutierrez disponibilizou R$ 1,5 milhão.O presidente Lula também recolheu R$ 4,5 milhões de mineradoras --R$ 4 milhõesde subsidiárias do Grupo Vale do Rio Doce. Alckmin recebeu um pouco menos: R$3,7 milhões.Outros R$ 6,2 milhões declarados por Lula vieram de siderúrgicas, sendo R$ 3,1milhões do grupo Gerdau, cujo empresário Jorge Gerdau Johanpetter é cotado paravirar ministro de Lula. Gerdau também doou R$ 3 milhões para Alckmin.A análise das empresas que abasteceram a campanha petista inclui um total de R$3,6 milhões repassados pelo ramo de bebidas, com destaque para a AmBev: R$ 1,5milhão. Integram a lista as cervejarias Petropolis, com R$ 750 mil, e aSchincariol, R$ 500 mil. A Recofarma, do sistema Coca-Cola, forneceu R$ 880 mil.A maior doação feita por uma só empresa a Lula foi da processadora de suco delaranja Cutrale, com dois repasses que somam R$ 4 milhões. A empresa travadisputa jurídica para evitar investigação por cartel --o Cade (ConselhoAdministrativo de Defesa Econômica) recusou proposta de pagamento de multa de R$100 milhões para evitar a apuração. Para Alckmin, destaca-se o repasse de R$ 2,6milhões da Ibar Administrações, do Grupo Votorantim.A campanha de Lula recebeu pelo menos três repasses milionários de pessoasfísicas. Os empresários Pedro e Alexandre Grendene (do ramo calçadista) doaramR$ 2 milhões (R$ 1 milhão cada um); Eike Batista, que atua na área de energia,transferiu R$ 1 milhão.Alckmin recebeu doação de R$ 1 milhão de Antonio José de Almeida Carneiro, donode uma corretora financeira.O ministro da Fazenda, Guido Mantega, doou R$ 2.000, dez vezes o valor dado pelasenadora Ideli Salvatti (PT-SC). O presidente da Petrobras, José SergioGabrielli, doou R$ 20 mil. Ricardo Berzoini, ex-chefe da campanha lulista, deuR$ 800. O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que disse ter pago uma dívida deR$ 29 mil de Lula, doou R$ 400.

sábado, novembro 04, 2006

O povo votou. E daí!

Votar ou não votar teria dado na mesma. Melhor teria sido não votar em ninguém, não legitimar as eleições. Lula está reeleito - e daí!? o que vai mudar? Ao que tudo indica, a julgar pela formatação que Lula terá que dar ao seu novo ministério e as relações promíscuas que terá que manter com os congressistas, a política neoliberal vai se aprofundar e o povo terá um grande retrocesso nos seus direitos, isso, se o povo não se rebelar fortemente, o que seria a única forma de barrar as reformas neoliberais que vem por aí.