sábado, setembro 30, 2006

Porque meu voto é nulo

“Um fantasma ronda as eleições: é o fantasma do voto nulo. Todas os poderes dominantes se uniram contra essa ameaça: do TSE ao Faustão, dos empresários à classe política, os pastores e juristas, sindicalistas e gestores de empresas, diretores de escolas e lideres estudantis. Todos eles imploram para que o povo vote.” Um senhor de idade, muito pobre e totalmente consumido fisicamente por uma vida de trabalho, me disse, uma vez: “Eu votei mais de cinqüenta anos da minha vida, já perdi a conta de quantas eleições. E minha vida não mudou nada. Nunca vi cumprirem promessas e nossa vida só piora.” Esse é um dos juízos mais duros e realistas que alguém pode fazer. As eleições, de fato nada mudam, apenas legitimam um processo em que quem toma as decisões de fato é o poder econômico (que financia as campanhas) e a população cumpre seu papel de apenas legitimar, dizer “Amém”. Não é preciso votar nulo. Simplesmente nosso voto sempre foi nulo. Nosso poder de determinar nossa vida é anulado sistematicamente. Não existe democracia, de fato o que existe é uma pura soberania das empresas, uma ditadura do mercado, onde o povo pode apertar botões e legitimar o processo, dando uma aparência falsa de participação. Na verdade o nosso voto funciona como instrumento de sujeição. As eleições não passam de uma imensa válvula de escape, um espetáculo que desvia a atenção do foco e esvazia os conflitos sociais, impedindo uma solução real para os problemas reais. Não é preciso pregar o voto nulo. Nas estações de trem, bairros, botequins e escolas, periferias, escuta-se espontaneamente pessoas pregando o voto nulo ou a abstenção. Aqueles que ainda vão votar, muitos votam como protesto em um candidato menor, ou mesmo votam “no menos ruim”. É perceptível que o povo já não se ilude mais com as eleições e está na defensiva. Pela primeira vez já não se sente representado. A história deveria nos dizer alguma coisa. Especialmente se analisarmos as eleições, não só no Brasil, mas em todo o mundo, concluímos que nesse sistema, podemos decidir tudo, menos o essencial, que já foi decidido pelos proprietários da sociedade. No ano passado, quando o governo Alckmin tentou mandar embora 120.000 professores, nossos “representantes” da esquerda petista (que dizem representar os professores) dentro da assembléia legislativa, não se opuseram ao projeto de lei, apenas negociaram “emendas” para suavizá-lo. E contaram com o aval da direção estadual do sindicato, que é petista. Somente os professores, entrando em greve e colocando 30 mil pessoas na frente da assembléia legislativa conseguiram fazer com que essa lei fosse revogada. Isso demonstra de fato o quanto o voto muda nossas vidas – nada. Mas o povo nas ruas conseguiu uma grande vitória. Fica aqui a grande lição: as eleições só contribuem para manter a sociedade do jeito que está. Mas descobrimos que existe sim política além do voto. A política verdadeira começa quando acabam todas as ilusões no voto. Quem quiser, vote nulo. Quem quiser, vote em alguém. Quem quiser, vote na frente de esquerda. Quem quiser vote em branco. Quem quiser, não vote. VOTAR NUNCA VAI MUDAR NADA. Aí é que os trabalhadores descobrem que estão órfãos, que ninguém vai salvá-los a não ser eles mesmos. Nenhum grande líder, partido, governo, sindicato, etc vai resolver o problema. Neste momento a classe trabalhadora aprende que tem que andar com suas próprias pernas e fazer sua própria história: faz suas greves, vai às ruas, organiza suas cozinhas comunitárias e descobre um mundo de infinitas possibilidades para além do espetáculo eleitoral. “Os trabalhadores nada têm a perder, exceto as urnas que esvaziam suas lutas e castram sua criatividade”. Meu voto, agora e sempre, é NULO. Não tenho a menor ilusão neste sistema, nem acredito que ele possa ser reformado. Meu voto NULO é na verdade um voto no POVO, NOS TRABALHADORES, e na sua imensa capacidade de se organizar, e construir sua história, sua autonomia.

Paulo visite o blog: http://alemdovoto.blogspot.com/

quarta-feira, setembro 27, 2006

Direita assumida, direita não assumida e esquerda vacilante - VOTEM NULO

AS ELEIÇÕES BRASILEIRAS As eleições presidenciais brasileiras serão no próximo domingo, 1 de Outubro. O candidato da direita assumida é o sr. Alckmin, indivíduo ligado à Opus Dei e apoiado pelo ex-presidente F. H. Cardoso. Não se lhe conhece obra significativa no governo do estado de S. Paulo. A própria mediocridade do personagem mostra as dificuldades da direita pura e dura em encontrar quadros capazes. O candidato da direita não assumida é o sr. Lula, que actualmente faz o papel de presidente mas não exerce o governo real. Este é exercido pelos representantes dos credores do país, que nomearam um gerente inamovível para tomar conta do Banco Central, conduzir a sua política económica e pagar pontualmente o serviço da dívida externa. Nestas eleições o sr. Lula prepara-se para comprar votos com a ameaça da suspensão do programa assistencialista "Fome Zero", que distribui migalhas a 11 milhões de famílias marginalizadas . Trata-se de uma manobra perversa: o mesmo indivíduo que é conivente com a política económica que leva à exclusão social chantageia a massa dos excluídos com a ameaça de suspender a distribuição das migalhas. O sr. Lula é na verdade o candidato preferido dos directores do FMI, que querem manter as coisas sob controle e minimizar riscos de explosões. Resta a terceira candidatura. Heloisa Helena é uma pessoa digna e o seu candidato a vice-presidente, César Benjamin, autor de A opção brasileira, é um homem intelectualmente bem preparado. A respectiva campanha eleitoral, no entanto, adopta um tom tímido e recuado, com laivos moralistas incidindo em questões acessórias como a corrupção (como se fosse possível haver um capitalismo sem corrupção). A campanha de H. Helena perde assim a oportunidade de exercer uma acção pedagógica e esclarecedora junto ao povo brasileiro pois omite-se ou é vacilante frente aos problemas fundamentais — como a necessidade da ruptura com o imperialismo, da Reforma Agrária, de reverter as privatizações selvagens efectuadas nas últimas décadas; de por em causa a dívida externa que escraviza o país, etc. Tais omissões geram entre as massas a ilusão de que os problemas de fundo poderiam vir a ser resolvidos apenas pela via eleitoral, sem mobilização e intervenção directa do povo a fim de alcançar a democracia económica, a democracia social e a democracia política, libertando-se do seu arremedo marquetizado. Verifica-se que no Brasil nenhum partido de esquerda teve a coragem de adoptar a posição do Partido dos Comunistas Mexicanos, o qual nas presidenciais de 2006 se recusou a apoiar qualquer dos dois candidatos da classe dominante (Calderón e Lópes Obrador) e efectuou uma campanha paralela de esclarecimento e mobilização popular.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Por um voto nulo politizado

>Vote Nulo! Mesmo que votemos em alguém, nosso voto é nulo. Nosso voto sempre foi nulo. Cada vez que votamos, nosso voto é anulado pelo sistema político viciado. Você já votou e viu mudar alguma coisa? As eleições nada mudam. A cada ano, é mais do mesmo. Não votamos nulo para anular a eleição, mas sim como um protesto, um ato de repúdio. Não eleja quem vai te trair. Não sustente esse sistema corrupto. Porque razão os políticos iniciaram uma imensa campanha contra o voto nulo? Ora, porque estão com medo do descontentamento popular. Votar nulo hoje não é mais uma "omissão", mas sim um ato consciente e politizado de repúdio à corrupção e a esse sistema político degenerado, que só atende aos interesses de banqueiros e grandes empresas e deixa o povo a ver navios. Pelo país todo, cidadãos descontentes organizam campanhas pelo Voto Nulo, como um protesto contra toda essa bandalheira. Não se iluda com o discurso mentiroso dos meios de comunicação. Diga não a essa falsa democracia! É hora de reinventar a democracia, uma democracia dos trabalhadores! Proteste! Dê um basta nisso! Vote Nulo! digite 00 e confirme! Por uma Política além do Voto, conheça as propostas

domingo, setembro 17, 2006

Anular o voto, no sistema em que vivemos é um ato inteligente.
Quando votamos em alguém, estamos passando uma procuração para alguém que sequer conhecemos, damos o poder de decidir sobre nossos destinos a quem só tem interesse em si próprio, em enriquecer-se às custas dos recursos públicos, recursos estes que farão falta para uma vida minimamente digna de milhões de pessoas, recursos que, desviados, causam a miséria de milhões de pessoas. E, quando participamos escolhendo um candidato ou nos lançando como candidatos, estamos legitimando esse crime, estamos compactuando com a barbárie, estamos contribuindo para perpetuar os crimes contra a humanidade.
A eleição de representantes só teria sentido se realmente pudéssemos conhecer as pessoas em quem votamos, se não houvesse nenhum tipo de benefício extra aos eleitos, se o voto não fosse obrigatório, se pudéssemos destituir o eleito a qualquer momento, se fosse proibido o financiamento privado de campanha, se fosse proibido o sensacionalismo nas campanhas eleitorais, se fosse proibida a candidatura de pessoas sob investigação de irregularidades ou crimes, se pudéssemos escolher desde o nosso bairro os nossos candidatos, se pudéssemos realmente confiar na boa índole dos candidatos.